Navegar

31/12/2019

‘É uma disputa de você contra o sorteio’, diz Imbuzeiro à Folha

Foto: Agência Brasil

É possível que na noite desta terça-feira (31), o Brasil tenha um novo milionário. A Mega da Virada pode premiar com nada menos que R$300 milhões o vencedor que acertar as seis dezenas do maior prêmio acumulado da história. “Quando você faz sua aposta, o que define se você vai ganhar ou não é uma disputa de você contra o sorteio, você contra a Mega-Sena”, pontua o especialista em probabilidade do IMPA, Roberto Imbuzeiro. 

Ao contrário do que muita gente pensa, o número de pessoas que tentam a sorte não faz diferença nas chances de uma vitória. Mas impacta a possibilidade de ganhar o prêmio sozinho, “que fica menor quanto mais apostadores há”. A única certeza sobre a bolada de centenas de milhões de reais é que não existe receita pronta. “Se alguém vier lhe dizer que há um jeito de ganhar mais fácil na Mega-Sena, dê um tapa no ombro do sujeito, dê-lhe parabéns e recomende que ele fique rico usando o próprio método”, brinca Imbuzeiro. 

Leia também: Calendário de 2020 do IMPA tem fotografias de funcionários
O balanço matemático das ondas de Felipe Linares
Em coluna na Folha, mais mágica de Leonardo Fibonacci

Confira a reportagem completa da Folha de S. Paulo

Pela primeira vez em 52 anos, a funcionária pública Jaqueline Barros resolveu depositar suas esperanças em um volante da Mega-Sena. Para isso, fez uma combinação de números relacionados ao dia e ao ano em que começou a trabalhar como funcionária pública e a numeração do prédio onde bate cartão diariamente.

Tal cruzamento deu origem aos seis números assinalados em apenas uma cartela. Pronto! A sorte está lançada.

Na verdade, não estava. Enquanto selecionava os números para a aposta, o sistema de registro da lotérica Gaiola Dourada, no centro histórico de São Paulo, entrou em pane, na tarde desta sexta-feira (27). Ali, não era mais possível.

Jaqueline teve, então, que percorrer mais três quadras sob um céu ensolarado e temperatura na casa dos 27ºC, para assim conseguir estrear, nas palavras dela, “com o pé direito na Mega-Sena 2019”. 

Motivos não faltam. Primeiro, o concurso da Virada pode pagar R$ 300 milhões para quem acertar as seis dezenas. Segundo, Jaqueline pretende pegar o dinheiro do prêmio —caso ganhe, é claro— e ajudar uma amiga que está em coma. “Não importa o valor. O que vier será bom para mim e será bom para ela”, disse.

A amiga de Jaqueline está em coma nos EUA após ser diagnosticada com pneumonia. A família busca meios de trazê-la de volta ao Brasil após ela passar mal e ser internada em um hospital americano durante uma viagem de férias que duraria apenas 15 dias, conta Jaqueline, emocionada.

“A chance de você ser atropelado e morrer em São Paulo é 50 mil vezes maior do que a de ganhar na loteria”, explica Roberto Imbuzeiro, especialista em probabilidades do Impa (Instituto de Matemática Pura e Aplicada).

“Se alguém vier lhe dizer que há um jeito de ganhar mais fácil na Mega-Sena, dê um tapa no ombro do sujeito, dê-lhe parabéns e recomende que ele fique rico usando o próprio método”, brinca o especialista do Impa.

Se já é difícil ganhar, na Mega-Sena da Virada, considerando o tanto de gente que tenta a sorte, deve ser mais ainda, certo? Na verdade, o número de pessoas não faz diferença nas suas chances de vitória, ainda de acordo com o especialista. Muda, contudo, a possibilidade de ganhar o prêmio sozinho, que fica menor quanto mais apostadores há.

“Quando você faz sua aposta, o que define se você vai ganhar ou não é uma disputa de você contra o sorteio, você contra a Mega-Sena”, continua ainda o especialista.

Há 13 anos, a secretária Gisella Amorin, 37, moradora de Higienópolis, região central de São Paulo, repete a aposta na mesma sequência de 18 números, adicionados a uma combinação de datas especiais, como aniversários de familiares, e faz suas apostas em diferentes volantes.

“Não desisto”, diz ela, sorrindo. “Vai que um dia dá certo. O fim de ano alimenta uma certa esperança na gente. Está aí a Mega-Sena bem gordinha para reforçar essa crença e não me deixar mentir”, brinca. Conta que viu o filme “Coringa” no fim de semana passado.

“Sonhei com as placas dos carros que aparecem no filme. Acordei desesperada. Fui anotando o que vinha na minha mente no bloco de notas do celular. Assim, criei uma nova rodada de números a partir deste ano.”

Como se vê, cada um tem suas inspirações. Há aqueles que simplesmente entram na lotérica e pagam pelo jogo pronto. “Não quero e nunca gosto de ver os números em que estou apostando. Só olho quando sai o resultado”, afirma o garçom Francenildo Lopes da Silva, 31, ao sair de uma lotérica lotada, na Barra Funda, zona oeste da capital.

Entrar no bolão da empresa pode ser uma opção para aumentar as chances, mas “as possibilidades de acertar os números são realmente pequenas”, diz Imbuzeiro. 

Para ler o texto na íntegra acesse o site do jornal

Leia também: Conheça as medalhistas do Torneio Meninas na Matemática
Vaga para cargo de analista administrativo no IMPA