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30/07/2020

É preciso refletir sobre o envio de dados, alerta Hallison Paz

O desenvolvimento da ciência de dados vem permitindo grandes avanços no campo tecnológico mas, por outro lado, tornou o mundo em que vivemos ainda mais complexo. “Tudo vira dados, e precisamos olhar para isso. É importante refletirmos sobre o que queremos compartilhar e com quem queremos deixar nossos rastros no ambiente digital”, alertou Hallison Paz, doutorando do Laboratório de Visão Computacional e Computação Gráfica (Visgraf), no webinar “Ciência de Dados: o futuro é agora”, na quarta-feira (29).

O encontro faz parte da série “E a matemática com isso?”, promovida pelo Instituto Sidarta em parceria com o Itaú Social e apoio do IMPA. Também participaram do debate o professor e vice-diretor do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da USP (ICMC-USP), André Carvalho, e Maitê Salinas, professora do Colégio Sidarta e formadora do Mentalidades Matemáticas. O jornalista e diretor da consultoria de inteligência de dados Lagom Data, Marcelo Soares, conduziu o bate-papo. 

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Hallison destacou três armadilhas que impedem a circulação considerada “saudável” no meio digital. “Sair dando dados indiscriminadamente, sem saber se o agente receptor vai fazer uso ético daquilo; a manipulação da verdade que pode ser intencional e nos fechar em bolhas, e a propagação de discursos de ódio através da interação”, apontou.

Co-criador do canal do YouTube Programação Dinâmica, Hallison destacou a importância de levar assuntos atuais para a sala de aula. “Os dados têm muito do ser humano e a matemática permeia tudo isso, o que ajuda a quebrar a barreira que muitos alunos têm, ao pensar ‘para que vou utilizar isso?’”, afirmou. 

Lição que deve ser aprendida desde cedo, conforme observou Maitê. “Precisamos organizar o pensamento, criar interseções e conexões, o que precisa ser trabalhado desde o Ensino Fundamental. Caindo de pára-quedas em probabilidade e estatística no Ensino Médio, sem tocar em alguns pontos nos anos iniciais da escola, isso fica ainda mais difícil.” A professora destacou que vem adotando em sala de aula uma série de atividades para que os alunos se sintam confortáveis e encorajados a investigar, errar e se desenvolver na área da ciência que vem se expandindo. “Criar essa memória criativa é fundamental.” 

André Carvalho falou do mercado de trabalho em ciência de dados e da necessidade urgente de formar profissionais qualificados. “Atualmente, são quase 300 cursos de formação pelo mundo, mas as companhias não conseguem contratar porque muitas vezes ainda não tem gente formada. No Brasil, a formação levou um tempo para começar, sendo as primeiras graduações iniciadas em 2020”, lembrou André. O ICMC-USP passará a oferecer o curso na graduação no ano que vem.

Para entrar no mercado de trabalho, o professor destaca que o profissional deve ser curioso, ter capacidade analítica, pensamento crítico e capacidade para pensar fora da caixa. 

O webinar está disponível na íntegra na página de Facebook do Mentalidades Matemáticas.

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